Como já a minha a avó dizia a vida está cheia de surpresas. Pois quando eu pensava que 11 longas horas me esperavam ao lado de uma senhora Inglesa muito irrequieta e de uma eslovena paradinha, as coisas mudaram quando ouvi o meu nome algures no corredor. Pronto, festa feita, eram sete (belgas, portugueses, italianos e francês) como na Branca de Neve e os sete Anões. A companhia era boa mas mesmo assim o dia inteiro que passei no comboio custou a passar. Mas a chegada compensa sempre tudo!
Enfrentando o frio das 22h fomos em busca da Pensão 44, que nos proporcionou um quarto a 10 euros. E não é que a minha avó estava mais uma vez certa! Quarto porreiríssimo e bem localizado, logo acima do museu nacional. Obrigada Lonely Planet:P
Depois de uma noite para recompor o cansaço, toca a desbravar as ruas de Praga. Muito giraaaaaa! Pessoas, muitas pessoas (já tinha falta de uma cidade cheia de gente), muito fast-food, lojas de souvenires de 5 em 5 metros, chineses, frio, pinturas originais encontradas em todas as bancas turísticas, chineses, Black Theater, marionetas, e a Staromestské Námestí, que é como quem diz Old Town Square. Lá estava o a igreja gótica que lembra os gárgulas, a surgir imponente atrás de outros edifícios, os edifícios geometricamente irregulares, murando a praça, e um grupo de turistas a olhar para cima. Um bando de turistas a olhar para cima?? Mas que raio?? Pois o meu guia pessoal explicou-me que estavam à espera dos bonecos que saíam, da parede de o famoso relógio de Praga.
E pronto chegam as cinco da tarde e está tudo escuro. Fomos comer e voltámos à 44 para explorar as funcionalidades do meu Toshiba! Yeaaaahhhh
Os dias basicamente passaram-se a visitar a cidade já “de noite”, a procurar sítios baratos para comer ( sim, porque Praga já não é o que era) e a ir ao Tesco ou ao Albert, comprar, mais comida ( geralmente sempre algo estrago, de brinde). Tentámos ainda ir ao cemitério judeu, mas já não chegamos a tempo, portanto, de três dias em Praga deu para ver bem o lado da cidade nova, a Charles Bridge e uma vista geral da parte velha. Como disse três dias em Praga, foi altura de pegar novamente o “trem” e ir rumo à Polónia.
Alguns despertares durante a viagem, um filmezito e lá chegaram as 5 da manhã e nós à estação de Cracóvia. Sono por todo o lado, inglesas estéricas, e diferentes personagens. Fizemos um tempinho e às 7h30 decidimos avançar em busca de um hostel. Mais uma vez a sorte estava do nosso lado e encontrámos um hostel, bem porreiro, em que o nosso quarto era mesmo ao pé da recepção, a porta fazia um estrondo cada vez que outra se abria, e tínhamos que atravessar a recepção para ir à casa de banho. Mas muito porreira e com um estilo muito louco. Para um grupo grande era óptima. Bem, mas como o sono continuava a perseguir-nos fomos fazer uma “xonequinha”. Xonequinha feita, e ainda era de dia portanto à que aproveitar para conhecer mais uma. Porém, da nossa janela com vista para muro infinável surgiram umas pequenas coisinhas brancas. E a janela não estava suja portanto só podia ser NEVE! NEVE??!?!? Viva as crianças! Devidamente equipados, e com um sorriso parvo na cara atirámo-nos a todos os montes de neve que encontrávamos na rua.
Estávamos em Cracóvia com um nevão e muita alegria. Não sei se foi a neve que o causou, mas fiquei com um gostinho especial por esta cidade. Muito, muito, gira, menos turística, mais acessível aos bolsos portugueses e cheia de neve. Todas as imagens de ruas, parques, jardins, edifícios cheios de neve , estavam mesmo à nossa frente. A neve causa- nos sensações muito divertidas e fresquinhas. Especialmente quando os pés começam a ficar encharcados, por tê-los posto numa possa que parecia chão ou quando os flocos de neve começam a cair-nos nos olhos, na cara, a roupa toda branquinha. É Lindo!! Mas o frio é mesmo muito forte, embora não nos impeça de visitar a praça principal com mais uma igreja gigantesca, muita neve, muitos cafés quentinhos a convidarem-nos a entrar, neve, e as mãos bem geladas das bolas de neve.
A neve faz nos pensar ainda mais no duro que deve ter sido. Se já nós morríamos de frio, imaginem-se só com um pijaminha, socas de madeira e as más condições. É de uma brutalidade desumana inimaginável. Desde todas as condições, aos castigos (depois do esforço, do cansaço, da fome, do medo, ir passar a noite de pé num quadrado claustrofóbico com mais três pessoas, em que se uma morresse ficava pendurada ao teu lado por não haver espaço para cair. Isto tudo às escuras, com frio e com uma entrada junto ao chão, na qual só dava para passar de gatas. Nem consigo imaginar como conseguiam entrar quando já estava mais que uma pessoa lá dentro. Mas este é só um exemplo. Muitos mais assombraram a vida daquelas pessoas) à maquiavelez por detrás de tudo. Muito forte.
Missão cumprida foi altura de regressar a Praga. Desta vez fomos directos à nossa 44 onde recebemos um quarto ainda melhor. Foi a loucura. O resto dos dias foi desfrutar da cidade, e da neve! Pois é, desde a Polónia que a neve nos perseguiu. Agora o branco já é uma trivialidade. Ao fim destes dias a magia nevalar desapareceu um pouquinho com o frio que estava, mas continuava a ser poderosa o suficiente para manter o sorriso estúpido na cara. O que víamos à nossa frente confirmavam as imagens dos postais. Toda a cidade parecia cenário de filme de gárgulas ou do Drácula. O gostinho português é que ficou por lá qd ouvimos falar português na rua...Olha o Pacman! Brutal, Da Weasel nas ruas de Praga! Boa gravação pessoal;)yeaaah
Dez dias, com duas cidades dominadíssimas. Ficou por ver o cemitério judeu que se rendeu ao capitalismo, black theater, as sessões não calharam nos dias certos:P, fazer patinagem no gelo e um boneco de neve. Estas duas últimas gafes vou tentar compensar em Ljubljana que já deve estar branquinha.
Próxima visita?? Quando e onde não sabemos. Só sabemos que será!Yeahhhh